Uma das especialidades mais antigas da Odontologia e também a que mais cresce, a Ortodontia contribui para melhorar a estética bucal, mas também as funções da mastigação. Benefícios estendidos também a melhoria da limpeza e na prevenção de doenças e perdas dos dentes.
Dados do Conselho Federal de Odontologia (CFO), apontam que dos mais de 331 mil dentistas credenciados no país, quase 23 mil são ortodontistas.
O órgão estima que o Brasil é o país com maior número de dentistas por habitante no mundo. A especialidade cuida das funções dento-faciais, sendo uma das especializações mais importantes e também uma das mais valorizadas na área odontológica.
Os salários médios superam a marca dos R$ 3.700,00 para recém- formados, podendo ultrapassar a casa dos R$ 40 mil se o especialista for um empreendedor.
Neste post vamos explicar um pouco mais sobre a área, com seus benefícios e evoluções.
O que é a Ortodontia?
Essa é uma especialidade odontológica que cuida da correção dos dentes e dos maxilares. Dentes tortos dificultam a limpeza, podendo acarretar doenças periodontais, estresse na mastigação, dores de cabeça e até problemas na articulação temporomandibular (ATM).
Apesar de seu forte apelo estético, a Ortodontia concentra seus procedimentos nos arcos dentários e na face, promovendo um sorriso saudável e harmonioso.
Seu principal objetivo é oferecer uma mastigação eficiente, facilitar a limpeza dos dentes, bem como prevenir futuras doenças e perdas.
A Ortodontia é classificada em três tipos: preventiva, realizada desde a infância, interceptativa, com foco no desenvolvimento do problema e a corretiva que atua diretamente na correção do problema já instalado.
O que faz o ortodontista?
Especializado em Ortodontia, o ortodontista é uma profissão reconhecida pelo CFO. Ele tem como principal objetivo, trabalhar para corrigir as alterações totais ou parciais que acometem a arcada dentária.
As deformidades podem dificultar a higiene bucal, gerando diversos problemas de saúde e até a queda dos dentes. Seu papel é de suma importância, em especial na parte preventiva, onde o uso de aparelhos dentários pode resolver com facilidade as imperfeições. O ortodontista pode trabalhar em sua própria clínica ou para terceiros.
Esse profissional tem conhecimento da anatomia e fisiologia em Odontologia; diagnóstico bucal; imunologia e microbiologia oral; materiais odontológicos; odontologia legal; prótese fixa e removível, entre outras áreas.
Qual a importância da Ortodontia?
Quando se fala em estética e saúde bucal a Ortodontia é de suma importância, pois atua de forma preventiva e curativa para impedir ou corrigir as más formações dos dentes.
Sejam eles tortos ou por não se encaixarem perfeitamente prejudicam a aparência e também a saúde do paciente.
Apenas os profissionais devidamente habilitados podem indicar um plano completo para o tratamento ortodôntico.
Esse processo parte de uma criteriosa avaliação clínica; investigação sobre o histórico médico e dentário do paciente; exames de imagens, entre outras avaliações.
O desenvolvimento da indústria da odontologia, em especial nas inovações dos aparelhos ortodônticos tem sido parceiros importantes para diagnóstico e tratamentos eficientes e rápidos.
Quais problemas corrigir com tratamento de Ortodontia?
A partir de um diagnóstico seguro, o ortodontista irá planejar o tratamento. São inúmeros os problemas que surgem quando a dentição por algum motivo, não se desenvolve de forma adequada.
Os cuidados podem corrigir problemas bucais de mordida, dentes tortos, espaçamentos inadequados, dor, bruxismo, entre outros. Confira abaixo as principais indicações para um tratamento ortodôntico:
Mordida cruzada
Isso acontece quando a arcada superior não se encaixa corretamente à inferior, gerando problemas de mordida e até, possíveis danos às bochechas.
A mordida cruzada também é conhecida como mordida invertida, devido a má oclusão na articulação entre os maxilares. Geralmente as causas podem ser por fatores externos como o vício de chupar o dedo ou chupeta na infância, a perda precoce de dentes, entre outros.
Mordida cruzada anterior
Aqui o paciente apresenta um posicionamento anormal dos incisivos superiores. A arcada inferior se projeta bem a frente da superior, gerando uma aparência conhecida como a de um bulldog.
A mordida cruzada anterior pode ser dentária (MCAD), funcional (MCAF) ou esquelética (MCAE). Os sintomas vão desde dor de cabeça, ruídos até dificuldade para movimentar os maxilares.
Sobremordida
Também denominada mordida profunda, a sobremordida resulta de uma má oclusão vertical, causada geralmente pela sobreposição dos dentes da frente e da parte de cima. Eles se sobressaem aos inferiores.
A sobremordida pode ser causada por uma alteração esquelética ou irregularidade do nível dos dentes.
A sobremordida pode ser congênita ou adquirida, podendo desencadear outros problemas como o desgaste e até a perda dos dentes. Pode ser ainda horizontal e vertical, dependendo do distanciamento dos incisivos dentes.
Mordida aberta
Nesse caso pode ocorrer espaçamento entre as superfícies dos dentes anteriores ou lateral. Isso acontece pela falta de contato entre os dentes, gerando a chamada boca torta.
A mordida aberta pode ser simples, moderada ou severa, quando inexiste o toque dos incisivos, caninos e pré-molares.
Com causas multifuncionais a mordida aberta pode ser causada pelo uso prolongado de chupeta ou de mamadeira, sucção de dedos ou qualquer outro objeto, alteração na respiração, roer unhas, entre outros.
Desvio de linha mediana
Nesse caso o paciente apresenta o centro da arcada superior desalinhado em relação à inferior.
A linha mediana é uma linha imaginária traçada entre os incisivos centrais, para traçar o centro da arcada dentária. O desvio de linha central significa que a dentição das arcadas não está bem posicionada em relação à face.
Diastema
As falhas ou espaços inadequados entre os dentes são conhecidos como diastema. O problema pode ocorrer pela ausência de dentes ou dentes que não promovem o preenchimento total da boca. É mais comum acontecer nos dentes da frente do maxilar superior.
A queda dos dentes de leite também pode gerar diastema, que costuma desaparecer quando os dentes permanentes aparecem. Por meio de um tratamento correto o fechamento pode acontecer entre 12 e 36 meses, sendo que a avaliação e ativação do aparelho devem ser mensais.
Apinhamento
Ao contrário, quando existem dentes grandes e pouco espaço na arcada, acontece o apinhamento. Ele pode acontecer na arcada inferior e na superior, com graus de severidade distintos.
Nesse caso os dentes podem se agrupar, sobrepor e até torcer, sendo empurrados para frente ou para trás.
Os chamados dentes tortos e encavalados podem aparecer por problemas genéticos; nascimento do dente do siso; traumatismos; tamanho da língua e até os hábitos respiratórios e alimentares.
Quais são os aparelhos ortodônticos?
Os avanços tecnológicos na Odontologia apresentam diversidade nos tipos , modelos e materiais dos aparelhos fixos e móveis.
Eles são indicados para ajudar na movimentação dos dentes, na retração muscular e até nas questões de crescimento da mandíbula.
Confeccionados sob-medida, a partir de moldes eles atuam pressionando levemente os dentes e até a parte óssea do maxilar.
O grau de severidade do problema é que irá determinar o modelo do aparelho que será mais eficiente no tratamento. Abaixo vamos conhecer um pouco mais sobre esse dispositivo essencial no tratamento ortodôntico.
Aparelho fixo
Um dos mais comuns e mais usados, o aparelho fixo consiste de bandas, fios e braquetes. As bandas ancoram o aparelho e podem ser fixadas em um ou mais dentes, dependendo da necessidade de sustentação.
Responsáveis por transmitir a força do fio ortodôntico ao dente, as braquetes são colocadas, geralmente na parte externa dos dentes.
Os fios passam por entre as peças e são ligados às bandas. Com a evolução tecnológica do setor, hoje em dia os fios e braquetes são menores e mais leves.
Além do material metalizado, as braquetes podem ser produzidas em policarbonato, cerâmico, porcelana ou safira, que são cerâmicos monocristalinos.
Aparelho fixo especial
Por não ser muito confortável, o aparelho fixo especial deve ser indicado como último recurso, em especial para crianças que chupam o dedo ou paciente com língua presa. Também são fixados ao dente por meio de bandas.
Mantenedor de espaço fixo
Esse tipo de aparelho é mais indicado para resolver problemas de espaço quando o dente de leite cai antes do tempo.
Assim o ortodontista coloca no lugar um protetor de espaço, preservando o local até que o dente permanente saia. O aparelho consiste de uma banda cimentada ao dente, perto do espaço vazio, e um fio que liga a banda a outro dente.
Mantenedor de espaço móvel
Praticamente com as mesmas funções do mantenedor de espaço fixo, estes aparelhos são confeccionados com uma base acrílica que será encaixada sobre a mandíbula.
Por meio de braços de plástico ou arame, são fixados nos dentes que devem permanecer separados. Como o próprio nome já diz, esse tipo de mantenedor pode ser removido.
Nele também é possível instalar acessórios para outros tipos de correções como grade para mordida aberta, parafuso expansor para mordida cruzada ou molas para alinhar os dentes.
Niveladores
Cada vez mais usados por dentistas, os niveladores podem substituir os aparelhos tradicionais por serem mais confortáveis. Como os aparelhos fixos, eles também servem para mover os dentes.
Praticamente invisíveis e removíveis, os niveladores não possuem braquetes e nem o fio de aço. Desta forma o usuário pode se alimentar, passar o fio dental e escovar os dentes de uma forma mais ágil e eficiente.
Aparelhos reposicionadores de mandíbula
Também conhecidos por tala, os aparelhos reposicionadores de mandíbula auxiliam no treinamento de fechamento da mandíbula em uma posição mais confortável. Geralmente também são indicados para corrigir as alterações da ATM.
Amortecedores de lábios e bochechas
Este aparelho é usado para manter lábios e bochechas em seus lugares, afastadas dos dentes. Ou seja, eles aliviam a pressão que exercem sobre os dentes. Ele pode ser fixo ou móvel e consiste de um fio grosso de metal e parte emborrachado. Dependendo do caso pode ser associado ao uso de outros tipos de aparelhos.
Expansor palatino
É um tipo de placa de plástico encaixada no céu da boca para alargar o arco da mandíbula superior. A pressão é realizada por meio de parafusos, forçando a abertura dos ossos do palato, e, consequentemente alargando a área palatina.
Contentores móveis
Também são usados como contentores no céu da boca para prevenir que os dentes voltem à posição anterior. Podem ainda ser alterados e indicados para impedir que a criança chupe o dedo ou a chupeta por muito tempo.
Aparelho extrabucal
Indicado para retardar o crescimento da mandíbula, o aparelho extrabucal, mantém os dentes posteriores no lugar correto e força os anteriores para trás.
Nada discretos, a peça consiste de uma faixa colocada por fora da cabeça e ligada por um elástico ou arco facial na frente. Normalmente são mais usados em pacientes em fase de crescimento.
Qual é a diferença entre dentista e ortodontista?
Dentistas e ortodontistas são formados para resolver os mais diversos distúrbios bucais, porém com algumas diferenças no exercício de suas profissões. O dentista atua na reabilitação oral de forma geral e também na prevenção de doenças.
Ele cuida da boca e trata dos dentes em situações mais gerais, como higienização, saúde da dentição e da gengiva e a qualidade da mordida. Em casos mais complexos o dentista direciona o paciente para outro especialista como o ortodontista.
Esse profissional atua na prevenção, diagnóstico e tratamento de problemas relacionados à correção dos dentes e dos ossos maxilares.
Como se especializar em Ortodontia?
Depois de cursar a faculdade de Odontologia, o odontologista ou dentista está apto a atuar nas mais diversas modalidades com foco na saúde bucal.
Entre as disciplinas oferecidas ao longo de cinco anos de curso, estão cirurgia oral, clínica de diagnóstico bucal, tratamento adulto, infantil e idoso, gestão, ética profissional, odontologia restauradora, entre outras.
Ao longo da graduação a Ortodontia é vista em vários conteúdos como hereditariedade das mal oclusões dentárias; diagnóstico e plano de tratamento em Ortodontia preventiva; cefalometria, produção de aparelhos ortodônticos, entre outros.
Depois de formado, o odontologista ingressou na especialização lato sensu em Ortodontia, considerada uma das mais longas da área.
A duração média do curso é de 36 meses, com aulas teóricas, práticas laboratoriais e clínicas. Concluído o curso o profissional precisa obter seu registro no Conselho Federal de Odontologia (CFO). Em seguida está apto para diagnosticar, planejar e oferecer o tratamento ortodôntico preventivo.
O ortodontista precisa se manter em constante aprimoramento profissional para acompanhar o desenvolvimento e modernização do setor.
Ele também precisa participar de órgãos de classe como a Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (Abor) que atua na promoção e ética da Ortodontia e Ortopedia Facial.
Como montar uma clínica de Ortodontia?
Após passar por todas as etapas de sua formação e especialização, o ortodontista está apto para o mercado de trabalho. Ele pode prestar serviços em clínicas públicas ou particulares ou montar a sua própria unidade de atendimento. Para isso é importante seguir alguns passos:
1 – Definir os objetivos em longo prazo para ter um bom planejamento de trabalho e também financeiro. Montar uma clínica exige alto investimento, tempo e empenho.
2 – Realizar uma minuciosa análise de mercado, procurando um bom ponto comercial e bem localizado. O ortodontista precisa saber se no bairro escolhido há outras clínicas atuando; quais serão suas estratégias de marketing; seu diferencial de trabalho, entre outros pontos importantes para a gestão do negócio.
3 – Precisa criar um plano de gestão eficiente, adotando modernas ferramentas administrativas e métricas de resultados, como saber identificar o KPI (key performance indicator). A sigla significa como o profissional pode saber o número de pacientes que poderá atender por dia.
4 – Definir quais os serviços serão oferecidos na clínica e seus preços.
5 – Deve ficar atendo as exigências legais do negócio conferindo a legislação e normas sanitárias federal, estadual e municipal. Entre elas as leis de números 50 e 306 e a portaria de número 453, todas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
6 – Escolher muito bem os móveis e equipamentos ortodônticos, optando sempre pelas melhores opções de mercado. Isso assegura a qualidade do serviço ofertado.
7 – Faça um bom planejamento de atendimento, mais humanizado, priorizando o conforto e bem-estar da equipe e do paciente.
8 – Criar estratégias de fornecimento de materiais, insumos e de estoque.
Quanto se ganha na Ortodontia?
O mercado brasileiro de Ortodontia é um dos mais promissores e também um dos mais concorridos. O piso salarial do ortodontista é regulamentado pela lei federal número 3.999 e pode variar de uma região para outra.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam que no Brasil a média salarial da categoria é de R$ 4.748,00. Profissionais em início de carreira podem ganhar R$ 3.714,00, podendo receber até R$ 6.207,00, com o aprimoramento da profissão.
Em São Paulo o piso da categoria está em R$ 3.676,00 em 2021. Em todo o estado o salário médio é de R$ 3.865,19 para uma jornada de trabalho de 42 horas semanais.
Conclusão
Uma das mais importantes áreas da Odontologia, a Ortodontia prioriza a correção dos dentes e dos ossos maxilares, assegurando um posicionamento adequado e harmônico.
Dentes tortos, encavalados ou espaçados demais contribuem para uma higiene bucal inadequada e até doenças periodontais.
Além disso, podem ocasionar estresse muscular, dores de cabeça, nos ombros e nas costas e distúrbios da articulação temporomandibular (ATM).
A prevenção e os tratamentos ortodônticos proporcionam uma boca mais saudável, contribuindo para uma boa aparência e autoestima elevada.
Mordidas cruzada ou aberta, desvio da linha mediana, diastema ou apinhamento são alguns dos problemas mais corriqueiros nos consultórios.
A partir de um criterioso exame clínico e de imagens, o ortodontista poderá traçar um plano de tratamento que pode incluir o uso de aparelhos de uso fixo ou móveis.
A evolução dos fabricantes apresenta ampla diversidade de opções em materiais que ficam cada vez mais confortáveis e até imperceptíveis.
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